sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Introdução a Higiene Ocupacional

HIGIENE DO TRABALHO

O desenvolvimento tecnológico da humanidade, além de trazer enormes benefícios e conforto para o homem do século XX, tem exposto o trabalhador a diversos agentes potencialmente nocivos e que, sob certas condições, poderão provocar doenças ou desajustes no organismo das pessoas que desenvolvem suas atividades normais em variados locais de trabalho.

A Higiene do Trabalho, estruturada como uma ciência prevencionista, vem sendo aperfeiçoada dia a dia e tem como objetivo fundamental atuar no ambiente de trabalho, a fim de detectar o tipo de agente prejudicial, quantificar sua intensidade ou concentração e tomar as medidas de controle necessárias para resguardar a saúde e o conforto dos trabalhadores durante toda sua vida de trabalho.

A Associação Norte-Americana de Higienistas Industriais define deste modo esta ciência:

A Higiene Industrial é uma ciência e uma arte, que tem por objetivo. o reconhecimento, avaliação e o controle daqueles fatores ambientais ou tensões, originadas nos locais de trabalho, que podem provocar doenças, prejuízos à saúde ou bem-estar, desconforto significativo e ineficiência nos trabalhadores ou entre as pessoas da comunidade.

Da definição de Higiene e seus objetivos, fica claramente estabelecido que seus princípios e metodologia de atuação são aplicáveis a qualquer forma de atividade humana, em que possam estar presentes diversos fatores causadores de doenças profissionais. Por esses motivos vamos dar uma denominação mais ampla à esta ciência, falando de "Higiene do Trabalho", sendo esta denominação a utilizada no Brasil.

CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS AMBIENTAIS

A maioria dos processos pelos quais o homem modifica os materiais extraídos da natureza, para transforma-los em produtos segundo as necessidades tecnológicas atuais, capazes de dispensar no ambiente dos locais de trabalho substâncias que, ao entrarem em contato com o organismo dos trabalhadores, podem acarretar moléstias ou danos a sua saúde.

Assim, também estes processos poderão originar condições físicas de intensidade inadequada para o organismo humano, sendo que ambos os tipos de riscos (físicos e químicos) são geralmente de caráter acumulativo e chegam, as vezes, a produzir graves danos aos trabalhadores.

Para facilitar o estudo dos riscos ambientais, podemos classifica-los em três grupos:

a) Riscos Físicos;
b) Riscos Químicos;
c) Riscos Biológicos.

Por sua vez, cada um destes grupos subdivide-se de acordo com as conseqüências fisiológicas que podem provocar, quer em função das características físico-químicas dos agentes, quer segundo sua ação sobre o organismo, etc.

a) Riscos Físicos:
Ordinariamente, os riscos físicos representam um intercâmbio brusco de energia entre o organismo e o ambiente, em quantidade superior àquela que o organismo é capaz de suportar, podendo acarretar uma doença profissional.



Os Riscos Físicos são:
·                     Ruído;
·                     Vibrações;
·                     Radiações Ionizantes;
·                     Radiações não Ionizantes;
·                     Frio;
·                     Calor;
·                     Pressões Anormais;
·                     Umidade.

b) Riscos Químicos:
As substâncias ou produtos químicos que podem contaminar um ambiente de trabalho classificam-se, segundo as suas características físico-químicas, em:

1 - Aerodispersoides;
2 - gases e vapores.

Ambos comportam-se de maneira diferente, tanto no que diz respeito ao período de permanência no ar, quanto às possibilidades de ingresso no organismo.

Por sua vez, ao Aerodispersoides podem ser sólidos ou líquidos, atendendo ao seguinte esquema geral de classificação: sólidos em pós e fumos e os líquidos em névoas e neblinas.

Os Aerodispersoides sólidos e líquidos são classificados em relação ao tamanho da partícula e a sua forma de origem.

São poeiras e névoas os Aerodispersoides originados por ruptura mecânica de so1idos e líquidos, respectivamente; e são fumos e neblinas aqueles formados por condensação ou oxidação de vapores, provenientes respectivamente, de substâncias sólidas ou líquidos a temperatura e pressão normais (25o C e 1 atmosfera de pressão).

Os Riscos Químicos são:
·                     Poeiras;
·                     Fumos;
·                     Névoas;
·                     Neblinas;
·                     Gases;
·                     Vapores;
·                     Substâncias ou Produtos Químicos.

c) Riscos Biológicos:
Neste ultimo grupo estão classificados os riscos que representam os organismos vivos, tais como:
·                     Vírus;
·                     Bactérias;
·                     Protozoários;
·                     Fungos;
·                     Parasitas;
·                     Bacilos.

De tudo quanto se tem exposto, podemos concluir que a presença de agentes agressivos nos locais de trabalho representa um risco, mas isto não quer dizer que os trabalhadores expostos venham a contrair alguma doença.

Para que isto aconteça, devem concorrer vários fatores, que são:

·                     Tempo de exposição:
Quanto maior o tempo de exposição maior será a possibilidade de se produzir uma doença do trabalho.
·                     Concentração ou intensidade dos agentes ambientais:
Quanto maior a concentração ou intensidade dos agentes agressivos presentes no ambiente de trabalho, tanto maior a possibilidade de danos à saúde do trabalhador exposto.

·                     Características dos agentes ambientais:
As características específicas de cada agente também contribuem para a definição de seu potencial de agressividade.

O estudo do ambiente de trabalho, visando estabelecer a relação entre esse ambiente e possíveis danos à saúde dos trabalhadores que devem efetuar seus serviços normais nesses locais, constituiu o que chamamos de um levantamento de condições ambientais de trabalho.

O levantamento pode dividir-se em duas partes:

1.                  Estudo Qualitativo;
2.               Estudo Quantitativo.

O estudo qualitativo das condições de trabalho visa coletar o maior numero possível de informações e dados necessários, a fim de fixar as diretrizes a serem seguidas no levantamento quantitativo.

O estudo quantitativo completará o reconhecimento preliminar dos ambientes de trabalho, através de medições adequadas que nos dirão no final, quais são as possibilidades de os trabalhadores serem afetados pelos diferentes agentes agressivos presentes nos locais de trabalho.

1 - Levantamento Qualitativo:
ü Normas gerais de procedimento
ü Deve-se iniciar o reconhecimento qualitativo do ambiente de trabalho com um estudo minucioso de uma planta atualizada do local, assim como de um fluxograma dos processos a fim de estabelecer a forma correta de proceder o levantamento: saber o que fazer e como fazer nos diferentes locais de trabalho.
ü O estudo qualitativo deve fornecer informações detalhadas de aspectos como:
·                     Número de trabalhadores;
·                     Horários de trabalho;
·                     Matérias-primas usadas, incluindo nome comercial e nome científico das substâncias;
·                     Maquinários e processos;
·                     Tipos de energia usada para transformação de materiais;
·                     Produtos semi-elaborados;
·                     Produtos acabados;
·                     Substâncias complementares usadas nos processos;
·                     Existência ou não de equipamentos de controle, tais como: ventilação local, estado em que se encontram os equipamentos, etc.;
·                     Tipo de iluminação e estado das luminárias;
·                     Presença de poeiras, fumos, névoas e ponto de origem da dispersão;
·                     Uso de EPI por parte dos trabalhadores.

Essas informações devem ser acrescidas de comentários escritos, que permitam esclarecer a situação real do ambiente de trabalho.

A empresa deve assessorar-se de um elemento técnico que esteja familiarizado com os processos industriais, métodos de trabalho e demais atividades que são efetuadas normalmente no local, a fim de obter dados fidedignos e esclarecer as duvidas que possam surgir durante o levantamento.

Para maior facilidade na coleta da informação podem ser utilizadas fichas padronizadas, que tenham condições de reunir as informações mais importantes e necessárias.

Não existe um modelo único para fichas desse tipo, já que seu formato e tamanho, bem como os itens constantes das mesmas podem variar em função do tipo de empresa e dos objetivos e finalidades do levantamento. Portanto, o engenheiro de segurança deve elaborar seu próprio material auxiliar cuidando para que tais formulários sejam simples e completos, a fim de que representem um poderoso instrumento que venha a facilitar o levantamento e nunca interferir negativamente em sua qualidade.

2 - Levantamento Quantitativo:
Uma vez realizado o levantamento qualitativo, já reunimos as condições necessárias para traçar os rumos a serem seguidos no levantamento quantitativo. Este por sua vez, deve ser minucioso e completo, para que represente as condições reais em que se encontra o ambiente de trabalho.

Deve-se, portanto verificar a intensidade ou concentração dos agentes físicos e químicos existentes no local analisado. Dessa forma, são colhidos subsídios para definir as medidas de controle necessárias.

Uma vez adotadas as medidas de controle que alteram as condições de exposição inicialmente avaliadas, será necessário um novo levantamento quantitativo, para se verificar a eficácia das medidas implantadas.

Periodicamente, deverão ser realizadas novas medições ou quantificações, a fim de se detectar possíveis alterações, que exijam a adoção de novas medidas de controle ou a adequação das já existentes.

Os critérios de avaliação e controle de cada agente serão estudados dentro dos itens específicos.

3 - Suscetibilidade Individual:
A complexidade do organismo humano implica em que a resposta do organismo a um determinado agente pode variar de indivíduo para indivíduo, Portanto, a suscetibilidade individual é um fator importante a ser considerado.

Todos estes fatores devem ser estudados quando se apresenta um risco potencial de doença do trabalho e, na medida em que este seja claramente estabelecido, podendo planejar a implementação de medidas de controle, que levarão à eliminação ou à minimização do risco em estudo.

O tempo real de exposição será determinado considerando-se a análise da tarefa desenvolvida pelo trabalhador. Essa análise deve incluir estudos, tais como:
·                     Tipo de serviço;
·                     Movimento do trabalhador ao efetuar o seu serviço; período de trabalho e descanso, considerando todas as suas possíveis variações durante a jornada de trabalho.
·                     A concentração dos poluentes químicos ou a intensidade dos agentes físicos devem ser avaliadas, mediante amostragem nos locais de trabalho, de maneira tal que essas amostragens sejam o mais representativas possível da exposição real do trabalhador a esses agentes agressivos. Este estudo deve considerar também as características físico-químicas dos contaminantes e as características próprias que distinguem o tipo de risco físico.

Junto a este estudo ambiental terá de ser feito o estudo médico do trabalhador exposto, a fim de determinar possíveis alterações no seu organismo, provocadas pelos agentes agressivos, que permitirão a instalação de danos mais importantes, se a exposição continuar.
Podemos concluir então, que a Higiene do Trabalho é uma ciência multidisciplinar, que tem por objetivo fundamental a preservação da saúde do trabalhador, o patrimônio mais importante.

Petróleo e seus efeitos no meio ambiente

Na década de 1970, técnicos da Petrobras procuravam reservas de petróleo na bacia do Rio Jandiatuba, região do Alto Amazonas, onde viviam grupos indígenas ainda não contatados. Houve confrontos com os índios que, empunhando arco e flecha, saíram em defesa de sua terra. Os funcionários da Petrobras, por sua vez, responderam jogando dinamite, usada originalmente para fazer pesquisas. Esse é o exemplo de um dos impactos, talvez dos menos conhecidos, que a exploração do petróleo pode provocar.
Os mais freqüentes e evidentes são os vazamentos de óleo. No Brasil, o último derramamento de grandes proporções ocorreu em 2000, no Rio de Janeiro, quando foram lançados 1,3 milhões de litros de óleo cru na águas da Baia de Guanabara. Riscos são inerentes a todas as atividades relacionadas ao petróleo, do poço ao posto.
Em 1968, a Petrobras começou a exploração de petróleo em águas marinhas. Hoje, essa modalidade representa 84% da produção nacional. Engana-se, porém, quem acredita que os derramamentos são a única fonte de riscos e impactos negativos advindos da exploração e produção de petróleo no mar. Após 45 dias, um poço perfurado já representa uma fase de impactos agudos sobre a fauna e flora. "São descartados fluidos de perfuração, cascalhos saturados de diferentes substâncias e compostos tóxicos, incluindo metais pesados como mercúrio, cádmio, zinco e cobre", explica Guilherme Dutra, da ONG Conservation International Brasil. Na fase do refino, existe o problema do descarte de efluentes líquidos, a emissão de gases e vapores tóxicos para a atmosfera, além dos resíduos sólidos, normalmente armazenados em aterros industriais.
Já os impactos produzidos pelo derramamento de óleo na água são mais visíveis. Especialistas em poluição enfatizam que os acidentes deixam marcas por vinte anos ou mais e que a recuperação é sempre muito longa e difícil, mesmo com ajuda humana. O contato com o petróleo cru causa efeitos gravíssimos principalmente em plantas e animais. O óleo recobre as penas e o pelo dos animais, sufoca os peixes, mata o plâncton e os pequenos crustáceos, algas e plantas na orla marítima. Nos mangues, o petróleo mata as plantas ao recobrir suas raízes, impedindo sua nutrição. Além disso, a baixa velocidade das águas e o emaranhado vegetal nesses locais dificulta a limpeza. O petróleo, embora seja um produto natural, originário da transformação de materiais orgânicos, existe apenas em grandes profundidades, entrando muito pouco em contato com o ambiente terrestre, fluvial ou marítimo. É insolúvel em água e tem uma mistura corrosiva venenosa com efeitos difíceis de combater.
A região da costa do Alasca, por exemplo, continua a apresentar até hoje problemas resultantes dos resíduos do óleo derramado pelo petroleiro Exxon Valdez, mesmo após 15 anos do acidente. Em 1989, o navio liberou 42 milhões de litros de óleo no mar contaminando uma extensão de 1900 quilômetros. Técnicos do Greenpeace acreditam que a recuperação da área ainda está longe de ser alcançada. A empresa Exxon, que comercializa produtos da marca Esso, foi multada em US$ 5 bilhões pelos danos ambientais causados, mas entrou na justiça recorrerendo da decisão.
Mais segurança e pesquisas para amenizar danos
Depois do acidente na Baía de Guanabara, em 2000, a Petrobras iniciou a implementação do Programa de Excelência em Gestão Ambiental e Segurança Operacional - Pégaso. O objetivo é criar padrões internacionais de segurança e proteção ambiental na empresa. Foram instalados nove centros de defesa ambiental no país. Segundo o departamento de Segurança, Meio Ambiente e Saúde da Petrobrás, esses centros funcionam como uma espécie de corpo de bombeiros contra vazamentos de óleo, com profissionais de prontidão 24 horas, barcos, balsas, recolhedores e milhares de metros de barreiras de absorção e contenção de óleo. Além disso, a Petrobras mantém uma embarcação na Baía de Guanabara, no litoral de Sergipe e no canal de São Sebastião, em São Paulo, especializada no controle de vazamentos. Todas as unidades da companhia no Brasil tem Certificado ISO 14001, que exige a manutenção de sistemas de monitoramento do impacto de suas atividades.
 
Fonte: Departamento de Segurança e Meio Ambiente da Petrobras
Enquanto isso, no Parque de Desenvolvimento Tecnológico da Universidade Federal do Ceará, Padetec, começam as primeiras simulações de campo do uso da quitosana na remoção de óleo do mar. O objetivo é desenvolver um produto baseado em uma bactéria imobilizada em quitosana que biodegrade o óleo. A quitosana é um derivado de quitina, biopolímero encontrado em invertebrados marinhos, insetos, fungos e leveduras. No processo químico de absorção de óleos, a quitosana envolve as gotas de óleo ou gordura, aprisionando-as. "Nos últimos ensaios realizados de simulação de vazamento o percentual de remoção de petróleo foi calculado em 92%. É provável que com a utilização do processo possamos reduzir significativamente os níveis de contaminação em um tempo muito menor que a biodegradação natural", acredita o professor Afrânio Craveiro, que coordena os estudos sobre os polímeros naturais no Padetec. A utilização de microorganismos nativos da biota é uma alternativa para a diminuição do tempo de recuperação e para amenizar os danos. Muitas vezes os métodos utilizados para remoção do petróleo, como água quente, vapor e solventes, são tão danosos quanto o óleo.
Clareiras na Amazônia
O Brasil já ocupa o segundo lugar entre os maiores consumidores de gás natural, com mais de 920 mil veículos adaptados para utilizá-lo. O GNV apresenta bom rendimento econômico e sua combustão é limpa, razão pela qual ele dispensa tratamento dos produtos lançados na atmosfera. Outra vantagem é que motores movidos a gás apresentam menor índice de desgaste das peças. Para ampliar o fornecimento do gás natural no Brasil, a Petrobrás está investindo no potencial das reservas deste combustível em plena selva amazônica. O maior obstáculo para a exploração destes recursos na selva são os ambientais, já que o escoamento das reservas impõe a construção de milhares de quilômetros de gasodutos rasgando a floresta. O gasoduto fica enterrado a uma profundidade de no mínimo um metro. Seu tempo de vida útil é de 20 anos. As críticas apontam para o risco de contaminação da água e do solo e a alteração da vida das populações indígenas e ribeirinhas. A construção dos gasodutos demanda a abertura de estradas e de uma faixa de vinte metros de largura para colocação dos tubos. Muitas operações tem que ser feitas de helicóptero, abrindo clareiras na floresta para pousos e decolagens. O desmatamento, por sua vez, implica no desaparecimento de espécies e degradação do solo.
Na primeira fase de exploração dos recursos minerais da Amazônia a solução encontrada para os problemas de escoamento da produção tinham menor impacto na região. Quando a produção de petróleo atingiu os três mil barris diários foi construído um pequeno oleoduto de Urucu até o Rio Tefé. De lá, o óleo seguia em em barcaças até o Rio Solimões onde a Petrobras construiu um terminal com uma grande embarcação chamada de "navio-cisterna" para armazenamento. Outros navios então buscavam o óleo para levá-lo para a Refinaria de Manaus (Reman). "Quando você abre um estrada ou uma clareira longa no meio da mata, especuladores começam a ocupar as laterais. É um processo inevitável sob o qual não se tem controle e que detona ainda mais o processo de desmatamento", explica o professor titular do departamento de geografia da USP Aziz Nacib Ab'Saber. Na sua opinião, para solucionar a complicada logística para o transporte, em hipótese alguma deveriam ser estabelecidos os dutos de longa distância, já que esta estratégia seria o caminho para uma expansão fundiária previsível. "Melhor seria usar um ponto na estrada Porto Velho- Amazonas e fazer uma instalação com reservatórios grandes para o óleo e o gás extraídos de Coari. Destes reservatórios eles seguiriam para Manaus, Roraima e Acre, sem precisar abrir outras estradas", sugere Ab' Saber.
A pequena cidade de Coari, a 600 quilômetros de Manaus, já dá sinais de mudanças depois do início da exploração do petróleo e do gás natural pela Petrobras. Como a cidade passou a receber muito dinheiro com os royalties da exploração, começou também a atrair outras populações, tanto das redondezas como de outras regiões, em busca de emprego. O novo perfil trouxe problemas como aumento da prostituição e da violência, por exemplo. A população ribeirinha também sente o afastamento dos peixes devido à movimentação das embarcações no terminal construído pela Petrobras no Rio Solimões. A jazida de Coari foi descoberta em 1986. Estima-se que tenha 50 bilhões de metros cúbicos de gás natural ou 10% das reservas nacionais. Urucu tem ainda 100 milhões de barris de óleo de boa qualidade.
Para recuperar as áreas desmatadas pela exploração do gás foi criada a rede Clareiras na Amazônia: avaliação, prevenção e recuperação dos danos causados em áreas de prospecção e transporte de gás natural e petróleo na Amazônia Brasileira, projeto coordenado pelo Instituto Nacional de Pesquisas na Amazônia (Inpa). Composta por nove instituições de ensino superior, a Rede desenvolve tecnologias para recuperar áreas abertas na floresta. Segundo o coordenador da Rede, Luiz Antonio de Oliveira, cerca de 300 hectares foram desmatados até agora. Destes, menos de 30 ainda estão em fase inicial de recuperação. Antes dos desmatamentos é feita caracterização da flora e da fauna das regiões. "Esse trabalho tem permitido catalogar novos insetos, pássaros e plantas já que o local é de mata virgem e controlado pela Petrobras, que proíbe a caça e a pesca", conta Oliveira. O trabalho teve início em 2003. Já foram investidos R$ 1,5 milhão financiados pela Finep (Financiadora e Estudos e Projetos), órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia, através do Fundo Setorial do Petróleo. A Petrobras também mantém um viveiro com mudas de plantas para recobrir as áreas o mais rapidamente possível já que a abertura de clareiras na floresta retira a vegetação e a camada superficial do solo, expondo-o à chuva e ao sol, o que pode provocar a erosão. Através de sensoriamento remoto é possível acompanhar o estágio de reflorestamento das clareiras. A equipe do projeto faz visitas diárias às clareiras e jazidas. "Sabemos que uma clareira está efetivamente recuperada quando a vegetação cobre toda a área e há a formação de matéria orgânica sobre a superfície do solo", explica o coordenador.
Hidrogênio: forte candidato para substituir o petróleo
Considerado o melhor candidato para substituir os combustíveis fósseis em veículos automotores, o hidrogênio é abundante no planeta e sua combustão só gera água pura. Pode ser produzido a partir de diversas fontes: álcool, biogás, água, gás natural, biodiesel. Ainda é um combustível mais caro do que o petróleo, mas está sendo considerado a solução dos problemas ambientais associados aos combustíveis fósseis, principalmente quanto às emissões de dióxido de carbono, o CO2. A partir de 1999, o Ministério da Ciência e Tecnologia passou a avaliar a reforma de etanol como alternativa para produção de hidrogênio para abastecer o mercado interno e a América Latina. Em 2001, foi criado o Centro Nacional de Referência em Energia do Hidrogênio (Ceneh) e, em seguida, o Programa Brasileiro de Sistemas de Célula a Combustível (Procac). No Segundo Encontro sobre Célula a Combustível, realizado no mês de outubro no Ipen, em São Paulo, Adriano Duarte Filho, coordenador adjunto do Procac, afirmou que o objetivo do programa é tornar o país um produtor internacionalmente competitivo nessa área.
A tecnologia das células a combustível converte a energia química do hidrogênio em eletricidade e tem como resíduo a água. Um carro com célula a combustível e abastecido com hidrogênio praticamente não vaza óleo, não emite ruído e poluentes, além de ser entre duas e três vezes mais eficiente que um carro com motor a combustão. Na opinião do professor e físico Ennio Peres da Silva, representante da Unicamp no Ceneh, no início da próxima década já estarão nas ruas alguns veículos comerciais. Hoje eles já existem, mas são fornecidos apenas em condições especiais. Frotas de veículos só a partir de 2020. "Isso vai depender de muitos fatores, como o agravamento das questões ambientais associadas ao efeito estufa, lideranças políticas, influências de grupos econômicos etc.", completa ele. O gás natural, mesmo com os melhores sistemas de redução de emissões, ainda emite o CO2. Com o hidrogênio a emissão é praticamente nula, desde que ele seja obtido de fontes renováveis de energia, segundo Silva. Do ponto de vista de segurança, ele tem o mesmo nível de periculosidade do gás natural. "Hoje em dia as normas de segurança para o manuseio de combustíveis são muito rigorosas e, atendendo-se essas normas, não deve haver maiores problemas com o uso do hidrogênio", acredita o físico.
Enquanto tecnologias seguras para a exploração de petróleo não são disponibilizadas, a solução para os inúmeros problemas derivados dessa atividade pode ser a exclusão de áreas mais sensíveis. A região de Abrolhos na Bahia conseguiu ser poupada da exploração. O Banco de Abrolhos é uma área rasa com cerca de 56 mil quilômetros quadrados, ao largo da costa sul da Bahia. É a região com maior biodiversidade no Atlântico Sul onde, por exemplo, ocorre a reprodução de baleias jubarte no Atlântico. Abrolhos tinha sido incluída nas rodadas de licitações para exploração de petróleo marinho da Agência Nacional de Petróleo, ANP. A ONG Conservation International Brasil liderou um estudo com outras instituições para avaliar os impactos da exploração e produção de petróleo no Banco de Abrolhos e adjacências. Do estudo resultou um banco de dados com registros de tartarugas, cetáceos, peixes, plantas, corais, além de informações sobre o uso turístico e pesqueiro da região que foi confrontado com os impactos potenciais e efetivos das operações com petróleo. "A versão final do documento gerou um processo de discussão que resultou na exclusão de 162 blocos dos processo de licitação pelo governo brasileiro. Outros 81 blocos foram excluídos por medida cautelar pela justiça federal", conta Guilherme Dutra, biólogo e diretor do programa marinho da CI-Brasil. Ele defende a exclusão de áreas mais sensíveis do foco da exploração de petróleo. "As complexas implicações ecológicas, sociais e econômicas da exploração de óleo e gás natural em áreas de recifes de corais ainda necessita de maior atenção por parte dos governos, ambientalistas, da academia e do setor privado", completa.

Petrobras e o Meio Ambiente

Preservando o Meio Ambiente

Sustentabilidade: palavra que está na cabeça de quem se preocupa com o meio ambiente e com o futuro do planeta. Na Petrobras, a responsabilidade ambiental faz parte da nossa missão e está totalmente ligada ao negócio. Trabalhamos hoje para garantir o futuro sustentável das próximas gerações.
Mas será que é possível explorar e produzir petróleo com respeito ao meio ambiente? Nós provamos que sim. Além de apoiar projetos ambientais – de 2003 a 2008, o Programa Petrobras Ambiental investiu mais de R$ 210 milhões – somos os primeiros a dar exemplos de ações sustentáveis.
Nosso foco é a ecoeficiência. Para nós, não basta produzir, refinar e distribuir petróleo dentro dos mais rigorosos padrões de segurança. Com a utilização racional de água e energia, e a menor geração possível de efluentes, resíduos e emissões em todas as nossas unidades, reduzimos o impacto no meio ambiente e reforçamos nosso compromisso com a busca da excelência em nossas operações.
A Refinaria de Capuava (Recap), em São Paulo, é um exemplo concreto de reuso de água: ela é a primeira unidade com descarte zero de efluentes. Temos a quase totalidade de nossas unidades no Brasil e no exterior certificadas em conformidade com as normas ISO 14001 (relativa do meio ambiente) e BS 8800 (relativa a segurança e saúde).
O Limite Máximo Admissível (LMA) para a geração de resíduos sólidos perigosos em nossos processos é outra ação prática de responsabilidade ambiental, além do monitoramento das emissões atmosféricas. De 2008 a 2015, nossa meta é evitar a emissão de 29,7 milhões de toneladas de CO2.
 

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Significado de Abiótico

Existem elementos componentes do ambiente físico e químico que agem sobre quase todos os aspectos da vida dos diferentes organismos, constituindo o fatores abióticos. Estes influenciam o crescimento, atividade e as características que os seres apresentam, assim como a sua distribuição por diferentes locais. Estes fatores variam de valor de local para local, determinando uma grande diversidade de ambientes. Os diferentes fatores abióticos podem agrupar-se em dois tipos principais - os fatores climáticos, como a luz, a temperatura e a umidade, que caracterizam o clima de uma região - e os fatores edáficos, dos quais se destacam a composição química e a estrutura do solo.